Friday, June 29, 2007

O Rei vai nu e gosta

Ainda a questão dos projectinhos da UP...

Eu não me canso de bater em determinadas teclas, porque são estes alvos que estragam o que de bom poderíamos ter por cá. Estragam a nossa competitividade, transformam-nos em feudos da ignorância, da lambebotocracia, do beija-a-mão, da dependência solene de homenzinhos cinzentos que se instalaram nas calendas pré-25 de Abril. E depois há os outros, os de pós-25 de Abril, que refinaram a técnica dos seus pares anteriores. Parece um movimento imparável, de vingança contra desconhecidos, um bocado na lógica primária do "fizeram-me sofrer, vou fazer outros sofrer muito mais". Vê-se isto nas praxes académicas, mas eu dou-lhes um devido desconto, porque a maioria dos que praticam este lema é pouco inteligente (a veterania académica premeia a burrice) e estão bêbados.

Enfim, daremos um ar leve a estas questões, porque este blog não serve somente para denunciar, serve para fazer sorrir e pensar, e equacionar o que é ser Português na Ciência.

Há uns anos, incompatibilizei-me com uma personagem da arena científica nacional por razões várias, que conduziram a um total afastamento da minha pessoa relativamente às suas lides (arenas e lides, neste caso, até combinam bem; não sendo eu um aficcionado tauromáquico, tenho de reconhecer que este imaginário taurino se aplica à questão em causa). Fartei-me de aturar estupidez, porque a há, e da grossa, até na Ciência. E desde então, essa personagem, que não se limita a pavonear o cabelinho pintado pelos salões de conversa psuedo-científica deste país, tem feito aquilo que de mais civilizado se faz actualmente, que é a vendetta. Porque a sua lógica, qual "Raging Bull" de ringues de 2ª categoria, é o "não estás para me servir, estás contra mim" - e para os mais incautos e não familiarizados com estas andanças da ciência, isto é comum, muito mais do que se pensa. É a elevação do discurso, tão banal entre vendedoras de peixe, trolhas e demais actividades profissionais que requerem elevada formação académica como doutoramentos e agregações.

Isto em parte dá razão ao chavão do povão: quanto mais se estuda, mais malcriado se fica. E às vezes mais intelectualmente diminuído se fica, e torna-se aceitável legitimar ferramentas como lixar os colegas, a maledicência generalizada, a coscuvilhice gratuita... Ms isto são considerações próprias de de heróis de pacotilha e calimeros profissionais, e não é bem o que me trouxe aqui.

O que é facto é que o próprio Estado envereda por estas coisas. Vejamos: quando um concurso (e atentemos na palavra "concurso": "servirá o propósitio de escolher o melhor entre um lote de pré-seleccionados, o mais adequado, o que mais reúna condições para um determinado objectivo...") da responsabuilidade do Estado é apropriado por gente deste calibre, ao nível de salteadores de cemitérios, a coisa está manifestamente inquinada.

Quando projectos científicos são aprovados por juris internacionais de reputação e méritos reconhecidos em concursos globais, e depois um projecto com a mesma filosofia de base é reprovado por esta escumalha, ao nível mais do que doméstico, nacional e interno, então é porque este país deixou de valer a pena. Então é porque a vendetta compensa, é porque a estupidez pode assumir-se como uma "driving force" deste sistema, é porque os porcos triunfaram. Estes cenários são comuns, e são considerados por muitos como parte integrante e inalienável do jogo. Mas eu não me conformo, e como eu sei que há muitos outros que questionam este sistema de valores vetusto. A ciência nacional está pejada de vaidades e petulâncias, de quintais, de estatutos de excepção, de conivências e ilegalidades, de silêncios hipócritas, de cientistas virtuais, de lambe-botas, de vacas sagradas, de heróis alcoólicos, de incompreendidos e frustrados, de fundamentalistas, de acólitos de Deus e do Diabo, de John Waynes e Charlie Chaplins, de palhaços, de lobbies gay e de incompetentes para os quais a moralidade é uma palavra oca.

Thursday, June 14, 2007

A universalidade do intelecto

Este país tem dos mais belos climas do Mundo, até se come bem, a criminalidade não tem a expressão das ruas de Bagdad ou do Rio de Janeiro, há quem pague impostos, pelo que até nem é um inferno, mas tem coisas deliciosas.

Ontem telefonei para a FCT, e indaguei acerca da comunicação dos resultados relativos aos projectos submetidos no ano passado e referentes aquele concurso que deveria ter terminado numa data que agora já nem me recordo, mas que efectivamente terminou 30 dias depois, por pura incompetência do serviços informáticos da FCT. Decerto se lembrarão porque muitos dos que nele concorreram perderam os seus últimos dias de Agosto (o mês do tão merecido descanso...) a compensar as ursadas desta instituição famigerada que dá pelo nome de Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Lá fui atendido, esperei alguns segundos, e questionei para quando a comunicação dos resultados, visto a avaliação ter sido feita há mais de uma mês. Disseram-me que até já tinham os resultados, mas que precisavam de uma autorização superior. E eu pensei que essa autorização deve ser divina, deve provir exactamente de Deus, pois "superior" na FCT não há nada. Dizem que tem um presidente, chamado João Sentieiro, mas eu creio que é a versão cientifica do Américo Tomáz, corta umas fitas, assina uns despachos e no entretanto alivia os nós das cordas com que o Ministro o manipula, para não ganhar escaras. Não passa de um fantoche.

Pois bem, essa autorização divina não veio, logo o país da ciência pára. Ok, nada de novo, surpresa zero. E para quando, minha senhora, se dignarão Deus e o corta fitas a empunhar a caneta? Fui assim informado que estas coisas demoram, porque Deus por vezes adormece na retrete e quando acorda, apercebe-se que usou inadvertidamente os relatórios como papel higiénico. Pelo menos, é um hábito que o Deus que rege a FCT tem, que é usar os projectos como papel utilitário. Lá para a próxima semana... Segunda feira, talvez.

Farto de esperar, pois feitas as contas perdi noites de sono há quase um ano para nem ver se os meus projectos foram lidos, argumentei que os paíneis de estrangeiros (sim, são todos estrangeiros, que parolice, que ruralidade, que maneira mais bizarra de arranjar isenção, como se todos os avaliadores portugueses tivessem bigode, unhaca do dedo mindinho e um palitinho ao canto da boca 2 horas após a refeição...; são todos estrangeiros, mas nomeados por portugueses, exactamente aqueles que continuam a beneficiar dos benesses, para garantir a tal isenção) são demasiados bem pagos para andar a dormir. E a ruralidade tomou conta da conversa: "sabe, Sr. Professor, os avalidores são muito ocupados, até temos de os lembrar que têm de nos enviar os relatórios..." Pois, devem ser os relatórios das instituições portuguesas, porque tenho as minhas dúvidas se terão o mesmo comportamento na terra deles.

Enfim, estupidez na instituição que financia a busca do conhecimento em Portugal...

Depois questionei para quando o cronograma da abertura de novos concursos, pois sei de fonte segura que o tal corta fitas assumiu publicamente que os mesmos concursos abririam com uma periodicidade anual. Disse à tal funcionária que tinha ouvido o chefe dela dizer isto. Resposta pronta: "Sabe, Sr. Professor, às vezes mais valia que ele estivesse calado..." Pela primeira vez na conversa, que já se entabulava há alguns minutos, concordei com a senhora. Isto é a prova do conceito da universidade do intelecto, por muito burros que sejamos, há-de haver algo em que teremos a mesma compreensão. Neste caso, concordamos que o corta fitas mais devia ter estado calado.

E a dita senhora, funcionária pública (hoje em dia é perigoso para um funcionário público dizer estas coisas) confessou que lá (FCT) não havia comunicação, que eles são os últimos a saber das decisões. Concordei novamente, e provei o conceito da universalidade do intelecto: é que toda gente, tanto dentro como fora da FCT, sabe que ninguém se entende na Ciência. Ninguém comunica em Ciência. Mas talvez este manto de silêncio sirva propósitos obscuros, que não ousei discutir com a minha interlocutora de ocasião, porque imagine-se as repercussões da universalidade do intelecto se ambos concordássemos que, para além de pouco brilhante (eufemismo claro), o corta fitas é mal intencionado? Ou que o Ministro é mal intencionado? Ou que andamos todos a mangar com a malta?

Despedi-me e desliguei com um sorriso nos lábios. Afinal o Sol brilhava e tinha almoçado arroz de marisco. Espero até segunda feira para concordar com mais umas coisitas.

Wednesday, June 13, 2007

Se a opinião pública soubesse...

Num país como o nosso, em que falar de corrupção é quase tão banal como discutir os feitos da Selecção, pode parecer redundante, inútil e até insultuoso que se refira a ciência como um bom palco de actividades de corrupção. Num país em que as suspeitas recaem, e de modo fundamentado diga-se!!!, sobre as autarquias, polícias, serviços públicos, agentes desportivos e actores políticos, a ciência será encarada pelo grosso da opinião pública como uma actividade marginal, caso de uma franja escassa da população, logo não meritória de atenção.

E que diabo, se se fala de uma presidente de câmara municipal que se pira para o Brasil em face de um processo de corrupção, para quê falar de meia dúzia de indíviduos acabrunhados de bata e óculos, enfiados nos seus laboratórios, quando podemos ter muito circo (e pouco pão, mas essa é uma discussão secundária...) com esta senhora? Porque ela até fala alto, com sotaque do Norte, gesticula, alegadamente não tem papas na língua, não é feia ou asquerosa, e teve a lata de roubar descaradamente, o que constitui por si só uma prova de testículos? Não, o que a gente quer é gajas destas, queremos lá saber da corrupção na ciência... Pelo menos, a avaliar pela reacção que esta temática desperta na generalidade da opinião pública, creio que reproduzo os pensamentos que correm pelos dois dedos de testa do cidadão nacional média. E se nem o Saldanha Sanches fala disto, então é porque isso é coisa pouca.

Mas aqui é que a opinião pública se engana. Se a opinião pública soubesse...

Por exemplo, se a opinião pública soubesse que cada projecto financiado pelo estado português pode chegar aos 200.000€, e que muitos deles são obtidos (eu diria até sacados) com expedientes emnos claros, então se calhar poderíamos já ter muitos sobrolhos franzidos.

Se a opinião pública soubesse o mal que estes professorzecos fazem ao país... então alguém começaria a pensar em pedir contas a alguém. O atraso estrutural que assola o nosso país em termos de educação tem pouco a ver com défice financeiro, mas sim com uma total incapacidade cultural em ultrapassar a herança do fascismo, do compadrio, da cunha, do beija-mão, da hierarquia fundamentada em pressupostos de superioridades e inferioridades, do classismo, de falta de competitividade e de competição, da contabilidade dos favores. Se se pensar que o nível de vida comparativamente mais baixo em que vivemos é o resultado de ausência de políticas de formação, nomeadamente ao nível científico (que é a alavanca do desenvolvimento das sociedades europeias normais, americana e japonesa) então todos poderíamos estar bem mais satisfeitos com os nossos serviços públicos de saúde, de segurança social, de protecção, de defesa do património cultural... Mas como alguns gostam de engrxar, e outros gostam de ser engraxados, junta-se a fome à vontade de comer: o que é de todos é simplesmente desbaratado para pagar favorecimentos e a manutenção do estatuto. Vejam o exemplo dos orçamentos das Universidades públicas: como se vai reduzir a dotação orçamental se se pretende manter este panelão gigante e sem controlo a partir do qual comem muitos afilhados? Com que cara vê o padrinho a redução do tamanho do panelão, ou o corte na quantidade de arroz que é disponibilizado por todos nós para alimentar a sua enorme, desmesurada, absurdamente grande família de parasitas?

Se a opinião pública soubesse que os seus impostos são canalizados para pagar mordomias verdadeiramente arábicas a alguns (poucos) eleitos rofessores do Ensino Superior público, garanto-vos que o bichinho tão nacional da inveja começaria a despertar da sonolência. Pelo menos esse despertaria.

Se a opinião pública tivesse acesso às contabilidades (que nem sequer são auditadas!!!, em pleno século XXI) dos projectos financiados pelos dinheiros públicos e visse almoçaradas e jantaradas pagas em marisqueiras, consertos de automóveis, computadores portáteis, aí já a expressão decerto mudaria para um inegável aumento do mau estar.

Se os contribuintes sopubessem que os seus impostos são utilizados para pagar salários a gente que só é funcionário público pela cunha ou pelo mais obsceno amiguismo, se soubessem que os concursos públicos de admissão à carreira docente (ou até de investigação) são invariavelmente viciados, a raiva começaria a tomar conta das consciências.

Se os pais deste país que suportam as depesas dos seus filhos nas Universidades soubessem que os mesmos que convencem, acolhem e "ensinam" os seus filhos (eu usaria mais o termo "iludir", porque estes de que falo são os verdadeiros mercadores de ilusões) são os mesmos que os escravizam em nome do "esforço que a ciência merece", então começaria a instalar-se um clima de motim.

Se os portugueses em geral soubessem que o Estado investe milhões de euros de dinheiros públicos em ciência que a única coisa que produz é engorda de curricula vitae, que não dá origem a rigorosamente nenhum conhecimento aplicável e útil, então a depressão começaria a ocupar o seu lugar junto da raiva.

Se os cidadãos nacionais tomassem noção do despesismo brutal em salários principescos, previlégios injustificados, esquemas dúbios, e arranjos mafiosos que muitos dos investigadores verdadeiramente terceiro-mundistas que dominam a noss praça científica se dedicam, então seria o descrédito total. Muito do que se anuncia na nossa comunicação social é um logro, não passam de palavras sem qualquer conteúdo. Vejo frequentemente expressões modernas como "dinamizar", "aprofundar", "estabelecer", "cooperar", nos mais variados contextos; são palavras que, regra geral, não transmitem uma noção de acção, de transformação. Servem o único propósito da cagança científica, do satisfazer a necessidade de se ouvirem a si mesmos e de se rodearem de assembleias de medíocres com os quais engrandecem os seus egos.

E conhecendo as realidades que conheço, não deixo de ficar com uma imensa ânsia de me transformar em Geppetto, aquela personagem criadora do Pinóquio: sentaria os mentirosos sobre o meu joelho e dar-lhes-ia todo o incentivo a que mentissem. Se ao menos não servisse para mais nada, podia ser que o nariz dos mentirosos servisse para desentupir esgotos. Ao menos, já estariam habituados a estar perto da porcaria.

Friday, June 8, 2007

UP e o Rei(tor) que vai nu

A badalhoquice é diária, faz-se todos os dias, e será então sempre que mais uma fôr feita que será denunciada.

A Universidade do Porto lançou um programa de atribuição de financiamentos a projectos científicos de pequena monta, que envolvam obrigatoriamente alunos de pré-graduação da própria Universidade do Porto. Pretende-se com isto, alegadamente, incluir alunos de licenciatura nos laboratórios de investigação, e fazer despertar assim o gosto e o prazer da decoberta. Mas de boas intenções está o inferno cheio.

No entanto, e quem o quiser averiguar, basta ir ao site da UP e lá encontrará um ficheiro .pdf com o Edital, a coisa descamba logo. Como?

No artigo 6º do Edital faz-se o que nunca se deve fazer, que é favorecer a endogamia. Por mais pequenos que os projectos sejam, exije-se seriedade, equidade e justiça na sua avaliação. Eu transcrevo:

Artigo 6º
Avaliação, selecção e notificação
1. A avaliação dos projectos é efectuada por painéis de avaliadores internos da U.Porto.

Eu leio "avaliadores internos". "Internos" e "exigentes", ou "isentos" são conceitos que normalmente casam muito mal. Se eu fosse da UP e quisesse lixar um colega, reprovava-lhe os projectos. Coisa tão simples. E aqui não acredito em ingenuidades.

Mas continua:

Artigo 8º
Nomeação dos painéis de avaliação e selecção
Os membros que compõem os painéis de avaliação e selecção são designados pelo Reitor ou em quem delegar.

Isto quer dizer que ninguém pode questionar as nomeações, logo bico calado e cara alegre. Pidesco, verdadeiramente pidesco. E com quem se aconselha o Reitor da UP para nomear os avaliadores? Ou será que o reitor da UP é igualmente versado em todas as áreas do concurso? Apesar de todas estas "dúvidas", é ao Reitor da UP que compete evitar esta escandaleira, logo é uma responsbilidade política que ele não assume, quando está estatutariamente obrigado a isso. Tanta areia para os olhos.

Mas o pior ainda está para vir:

Artigo 10º
Recursos
Das decisões do painel de avaliação não haverá recurso.

Será que chegámos ao Tarrafal e eu nem me apercebi? Ou seremos todos parvos? Ou comeremos todos da mesma gamela?

E porquê a minha indignação? Porque a seita de medíocres instalados não perde uma oportunidade que seja de se beneficiar e/ou prejudicar os outros. E se não houver transparência, coisa que manifestamente não houve, esta iniciativa que começou a partir de uma excelente ideia, nasce torta e inquinada. Assim, esta é uma oportunidade dourada para angariar novos alunos e investigadores, para serem daqui a um a dois anos alunos de doutoramento da safra da engorda dos curricula. E é assim que o vício se eterniza, e é assim que o futuro se compromete.

Wednesday, June 6, 2007

Prostituição cientifica

Como o promotido é devido, e eu sou um homem de palavra, dedico este post à designada prostituição científica. E prostituição é sempre aquele tema sórdido que garante que qualquer motor de busca o vai marcar, e pode ser que quando alguém fizer uma pesquisa ingénua (ingenuidade na prostituição é também um conceito interessante...) que apareça este blog. E como a minha ideia é divulgá-lo muito para além dos limites do razoável, então ficarei feliz.

Mas o que é isto da prostituição científica? Prostituição, numa definição mais ou menos consensual, significa vender o corpo a troco de algo, transaccionar o esforço, alugar partes anatómicas, e principalmente, mercar a intimidade e a dignidade. É isto que a sociedade ocidental considera como prostituição, e associa-lhe uma carga pejorativa, realmente sórdida, de decadência e imundície, de valores morais degradados, e com aquele toque tão português do fadinho da desgraçada, que um dia para alimentar os filhos até andou nisso... Autocomiseração badalhoca e vergonhosa, que algumas consciências menos límpidas até encontram justificação.

Há cientistas portugueses que se prostituem. Vendem a sua dignidade, o seu amor próprio, a sua integridade para agradar, ou para ter mais um artigo, ou para garantir a aprovação de um outro projecto, ou tão somente para alcançar a projecção mediática que nunca conseguiriam obter por trâmites mais normais ou legítimos.

Há cientistas que cavalgam a onda, e só pedem a Deus que o lastro não lhes seja curto, para poderem surgir em mais um tempo de antena, em mais uma actividade, em mais uma comissão de avaliação, em mais um colégio de uma ordem, em mais uma organização não governamental, em mais uma associação de caçadores ou pescadores, mesmo que essas actividades às quais se dedicam não tenham nada de coerente. E para cavalgar essa onda, essa crista, esse topo, o que importa como objectivo última é a cagança, o enchimento do ego, o vangloriar-se de feitos alheios, adoptados como seus pelas cadeias hierárquicas que descrevi no post anterior. São os cientistas de pacotilha, os medíocres, os que publicam muito e sobre todos os assuntos do Mundo. Porque quando se vê um curriculum vitae que versa de tudo e de mais alguma coisa, como tantas vezes se vê nas provas de agregação de muitos, é razão para desconfiar. Por uma razão elementar: não é possível ser-se bom em tudo, e simultaneamente. E por muito que se maquilhe esta pouca vergonha, para olho mais atento é tão evidente como as mini saias das mulheres de estrada. Ora, isto é prostituição.

O que acontece é que invariavelmente os(as) prostitutos(as) são intelectualmente fracos, e utilizam o expediente da exploração de uma situação para seu benefício próprio. A prostituição é uma falha de carácter, seja na dos fluidos íntimos que se trocam, seja na dos favores dos corredores dos Ministérios que se praticam. E quando se dá a oportunidade de ser o Estado, que não fiscaliza, a dar dinheiro para algo, que não controla, e a dar plenos poderes, a quem não penaliza, então estamos perante a total carnificina. Principalmente a dos alunos de pós-graduação e a dos cientistas bem intencionados.