Ainda a questão dos projectinhos da UP...
Eu não me canso de bater em determinadas teclas, porque são estes alvos que estragam o que de bom poderíamos ter por cá. Estragam a nossa competitividade, transformam-nos em feudos da ignorância, da lambebotocracia, do beija-a-mão, da dependência solene de homenzinhos cinzentos que se instalaram nas calendas pré-25 de Abril. E depois há os outros, os de pós-25 de Abril, que refinaram a técnica dos seus pares anteriores. Parece um movimento imparável, de vingança contra desconhecidos, um bocado na lógica primária do "fizeram-me sofrer, vou fazer outros sofrer muito mais". Vê-se isto nas praxes académicas, mas eu dou-lhes um devido desconto, porque a maioria dos que praticam este lema é pouco inteligente (a veterania académica premeia a burrice) e estão bêbados.
Enfim, daremos um ar leve a estas questões, porque este blog não serve somente para denunciar, serve para fazer sorrir e pensar, e equacionar o que é ser Português na Ciência.
Há uns anos, incompatibilizei-me com uma personagem da arena científica nacional por razões várias, que conduziram a um total afastamento da minha pessoa relativamente às suas lides (arenas e lides, neste caso, até combinam bem; não sendo eu um aficcionado tauromáquico, tenho de reconhecer que este imaginário taurino se aplica à questão em causa). Fartei-me de aturar estupidez, porque a há, e da grossa, até na Ciência. E desde então, essa personagem, que não se limita a pavonear o cabelinho pintado pelos salões de conversa psuedo-científica deste país, tem feito aquilo que de mais civilizado se faz actualmente, que é a vendetta. Porque a sua lógica, qual "Raging Bull" de ringues de 2ª categoria, é o "não estás para me servir, estás contra mim" - e para os mais incautos e não familiarizados com estas andanças da ciência, isto é comum, muito mais do que se pensa. É a elevação do discurso, tão banal entre vendedoras de peixe, trolhas e demais actividades profissionais que requerem elevada formação académica como doutoramentos e agregações.
Isto em parte dá razão ao chavão do povão: quanto mais se estuda, mais malcriado se fica. E às vezes mais intelectualmente diminuído se fica, e torna-se aceitável legitimar ferramentas como lixar os colegas, a maledicência generalizada, a coscuvilhice gratuita... Ms isto são considerações próprias de de heróis de pacotilha e calimeros profissionais, e não é bem o que me trouxe aqui.
O que é facto é que o próprio Estado envereda por estas coisas. Vejamos: quando um concurso (e atentemos na palavra "concurso": "servirá o propósitio de escolher o melhor entre um lote de pré-seleccionados, o mais adequado, o que mais reúna condições para um determinado objectivo...") da responsabuilidade do Estado é apropriado por gente deste calibre, ao nível de salteadores de cemitérios, a coisa está manifestamente inquinada.
Quando projectos científicos são aprovados por juris internacionais de reputação e méritos reconhecidos em concursos globais, e depois um projecto com a mesma filosofia de base é reprovado por esta escumalha, ao nível mais do que doméstico, nacional e interno, então é porque este país deixou de valer a pena. Então é porque a vendetta compensa, é porque a estupidez pode assumir-se como uma "driving force" deste sistema, é porque os porcos triunfaram. Estes cenários são comuns, e são considerados por muitos como parte integrante e inalienável do jogo. Mas eu não me conformo, e como eu sei que há muitos outros que questionam este sistema de valores vetusto. A ciência nacional está pejada de vaidades e petulâncias, de quintais, de estatutos de excepção, de conivências e ilegalidades, de silêncios hipócritas, de cientistas virtuais, de lambe-botas, de vacas sagradas, de heróis alcoólicos, de incompreendidos e frustrados, de fundamentalistas, de acólitos de Deus e do Diabo, de John Waynes e Charlie Chaplins, de palhaços, de lobbies gay e de incompetentes para os quais a moralidade é uma palavra oca.
Friday, June 29, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment