Friday, June 8, 2007

UP e o Rei(tor) que vai nu

A badalhoquice é diária, faz-se todos os dias, e será então sempre que mais uma fôr feita que será denunciada.

A Universidade do Porto lançou um programa de atribuição de financiamentos a projectos científicos de pequena monta, que envolvam obrigatoriamente alunos de pré-graduação da própria Universidade do Porto. Pretende-se com isto, alegadamente, incluir alunos de licenciatura nos laboratórios de investigação, e fazer despertar assim o gosto e o prazer da decoberta. Mas de boas intenções está o inferno cheio.

No entanto, e quem o quiser averiguar, basta ir ao site da UP e lá encontrará um ficheiro .pdf com o Edital, a coisa descamba logo. Como?

No artigo 6º do Edital faz-se o que nunca se deve fazer, que é favorecer a endogamia. Por mais pequenos que os projectos sejam, exije-se seriedade, equidade e justiça na sua avaliação. Eu transcrevo:

Artigo 6º
Avaliação, selecção e notificação
1. A avaliação dos projectos é efectuada por painéis de avaliadores internos da U.Porto.

Eu leio "avaliadores internos". "Internos" e "exigentes", ou "isentos" são conceitos que normalmente casam muito mal. Se eu fosse da UP e quisesse lixar um colega, reprovava-lhe os projectos. Coisa tão simples. E aqui não acredito em ingenuidades.

Mas continua:

Artigo 8º
Nomeação dos painéis de avaliação e selecção
Os membros que compõem os painéis de avaliação e selecção são designados pelo Reitor ou em quem delegar.

Isto quer dizer que ninguém pode questionar as nomeações, logo bico calado e cara alegre. Pidesco, verdadeiramente pidesco. E com quem se aconselha o Reitor da UP para nomear os avaliadores? Ou será que o reitor da UP é igualmente versado em todas as áreas do concurso? Apesar de todas estas "dúvidas", é ao Reitor da UP que compete evitar esta escandaleira, logo é uma responsbilidade política que ele não assume, quando está estatutariamente obrigado a isso. Tanta areia para os olhos.

Mas o pior ainda está para vir:

Artigo 10º
Recursos
Das decisões do painel de avaliação não haverá recurso.

Será que chegámos ao Tarrafal e eu nem me apercebi? Ou seremos todos parvos? Ou comeremos todos da mesma gamela?

E porquê a minha indignação? Porque a seita de medíocres instalados não perde uma oportunidade que seja de se beneficiar e/ou prejudicar os outros. E se não houver transparência, coisa que manifestamente não houve, esta iniciativa que começou a partir de uma excelente ideia, nasce torta e inquinada. Assim, esta é uma oportunidade dourada para angariar novos alunos e investigadores, para serem daqui a um a dois anos alunos de doutoramento da safra da engorda dos curricula. E é assim que o vício se eterniza, e é assim que o futuro se compromete.

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