A natureza humana é invejável, tal a sua criatividade e a sua capacidade de surpreender até os mais experientes. Já foi inclusivamente tema de obras-primas da literatura mundiais, como a obra homónima do escritor francês André Malraux, que se espraiou pelos limites da consciência humana num cenário de evidente catástrofe que é uma guerra. E é curiosa e estranhamente próxima a imagem que tenho da comunicade científica portguesa com essa que André Malraux retrata. Vivemos tempos muito conturbados, em que cresce inegavelmente o descontentamento de muitos, por um lado, e crescem também as tensões ainda surdas com o outro lado da barricada, onde habitam as cátedras bafientas e cientificamente incultas. Mantemos no poder uma seita de autistas, e espantamo-nos com a sua incapacidade de verem que cada vez estamos mais comparáveis áqueles que ninguém, no seu perfeito juízo, se gosta de comparar.
Quanto mais vou envelhecendo no seio desta comunidade, mais acho que alguns comportamentos se assumem como contra natura e outros vão-se transmutando em surrealismos atrozes. Falo do enlouquecimento progressivo de algumas cátedras, que chegam ao ponto de roubar (ideias), de enganar (os júris), de atropelar (os alunos), de deliberamente mentir (sobre os seus resultados) e continuar alegadamente incólumes, sem que exista uma mínima (que seja) dor de consciência. É absolutamente incrível que, para mal dos nossos pecados de homens honestos, seja o Estado a financiar a badalhoquice, sem qualquer laivo de desconfiança relativamente a este estado de coisas já tão propalado. Por vezes, enquanto conduzo para casa, dou comigo a vaguear pelas entranhas psicopáticas de alguns docentes e investigadores da nossa praça e não consigo construir um puzzle mental do qual essa criatura saia favorecida: conhecendo como os conheço, fico apto a concluir que tudo o que fizeram lhes emana do mais básico reflexo, que reside no mais selvático egoísmo. "Amor pela ciência"... "Curiosidade sã"... "Ajudar a desenvolver a civilização"... "o Homem meu irmão"... balelas. Mentem com quantos dentes têm, o que importa é o poder e o exercício do mesmo.
Conheço demasiado bem o exemplo de um laboratório, que supostamente se dedica a causas ambientais, e do qual a "directora(zinha)", nos idos das calendas do afundamento de petroleiro "Prestige", me telefonou eufórica, pois ali se encontrava uma "excelente oportunidade de publicar uns artigos". Onde eu não vi mais do que uma catástrofe ambiental de dimensões apreciáveis, de grande número de aves em sofrimento ou já mortas, de prejuízos astronómicos para as comunidades de aquicultores galegos e perceberos, esta criatura das trevas via mais poder, mais dinheiro, mais, em suma, a prossecução da sua própria ganância. À descarada. E depois espantou-se, 5 anos depois, que tnha sido literalmente abandonada pela sua equipa de trabalho; à época, eram idealistas, hoje não são parvos de certeza.
Esta é a Ciência que a Condição Humana permite, e que o Estado português financia. Não estará tempo de serem as jovens promessas a deixar este pedestal em potência para assumirem permanentemente o seu papel de motor deste circo? O que devemos, e a quem? Quanto tempo estaremos dispostos a perder, sacrificando este país?
Wednesday, December 26, 2007
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