Tenho tido um pequeno desaguizado com a FCT, pelo simples facto deste sistema insistir em ser desonesto. Vamos começar exactamente por aqui. Não sei se algum dos leitores já o fez, mas se tiverem a vontade de verificar quais os júris de 1ª instância dos projectos científicos submetidos a apreciação para financiamento pela FCT, conseguem facilmente chegar aos seus nomes. Estranhamente, os nomes dos avaliadores em recurso são Segredo de Estado. Instada a pronunciar-se sobre esta questão, a FCT remete-se ao total silêncio, alegadamente por não existirem directivas que definam a divulgação (ou não) dos nomes dos avaliadores. E porquê a minha curiosidade? Nos sabemos que, pelo facto de os páineis serem mais ou menos sempre os mesmos, existem tendências de avaliação e de aprovação. É inegável, e qualquer cientista que saiba o que se passa na sua área sabe a priori que uns projectos, com aqueles avaliadores, têm mais possibilidade de ser aprovados do que outros. Por outro lado, e sabendo que os avaliadores de recurso são nacionais, querem campo mais fértil para a manutenção de situações bizarras? Não somos propriamente parvos, e a bem da transparência, o nome de todos os avaliadores, mesmo os de concursos passados, devem ser divulgados.
Outro assunto: ontem, em conversa com uma colega e amiga, tive o desprazer de saber que ela tinha concorrido para uma bolsa de pós-doc, que foi liminarmente recusada. Naturalmente, pediu recurso, não sem antes fazer uma "visita" às instalações centrais da FCT em Lisboa. Lá, teve a oportunidade de se inteirar dos alegados critérios que foram utilizados neste concurso em particular. Como a homogeneidade de critérios nunca se verificou, de candidato para candidato, ela formalizou o recurso, e voltou ao laboratório. Como um dos directores do laboratório é avaliador, questionou-o sobre qual o modus operandi adoptado neste concurso em particular, visto haver uma gritante disparidade de critérios adoptados de candidato para candidato. Por fim, o director assumiu que, ele, no início da reunião, propôs uma homogeneização dos critérios entre todos os avaliadores; essa proposta foi imediatamente recusada pelos seus pares, restantes avaliadores, com o argumento de que "cada um avalia como entende". Pois bem, o resultado esteve naturalmente à vista: para além de haver candidaturas a concurso que estavam formalmente fora da elegibilidade (nomeadamente um candidato que nem doutor era, nem havia feito entrega de tese definitiva aos serviços académicos da universidade onde se estava a doutorar), houve uma conclusão caricata, em que alguns cientistas ligados à coordenadora do júri tiveram naturalmente bolsa atribuída.
E assim continuamos.
Tuesday, May 6, 2008
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