Thursday, May 20, 2010

As manadas, o seguidismo e as novas religiões

Sempre fui contra grupos acríticos, que seguem os seus Messias sem questionar, hipotecando os seus futuros de forma cega e sem acautelar a queda. E sem rede, o chão duro do cimento da vida magoa - e bem.

Na Ciência há muito que constatei a existência de rebanhos, de manadas, de seguidismos, de cães de guarda, de seitas semi-religiosas, em que pastores mais ou menos habilitados na antiga arte da pastorícia apacestam os mais frágeis, ou mais idiotas. Um dado neófito cresce, alimenta-se da massa cinzenta de uns poucos alunos, e está o guru criado, o mito eternizado, e a estupidez emoldurada em talha dourada. Criam-se assim as religiões dos tempos modernos, em que os fiéis e devotos contemplam de perto o idolatrado, o Cientista chefe, e se apaixonam pela sabedoria e cultura, qual tigre de papel, que frequentemente povoam órgãos de comunicação social e cátedras. E depois de criar a religião, faltam os apóstolos, as visões apócrifas, os livros sagrados, o conceito de pecado e de sacrilégio, e de sacramento, cria-se toda uma parafernália de pequenos nadas que servem o propósito de agradar e louvar ao Deus recém criado.

Que nojo. Muitos destes supostos mártires, daqueles que têm lugar cativo nas mais variadas conferências, seriam de facto reconhecidos com base única e exclusivamente no mérito? Quantos são uns ignorantes, bem falantes, televisionáveis, universitários do arroz de quinze, que nunca tiveram concorrência à altura, e que se instalaram porque não havia sombra e o solo era fértil? Quantos, caso tivessem hoje de provar o que valem, estariam sentados na poltrona desse Vaticano em que teimam em colocá-los? É de desconfiar quando vemos alguém que fale de tudo. Não sendo um papagaio, será decerto um charlatão, e para ver artes circenses, prefiro de longe o circo. Ao menos não sou enganado, sei ao que vou, e ainda posso ver mulheres com barba.

Mas é difícl de abalar os pedestais, principalmente quando quem os cria nem tem perfeita consciência de que está a alimentar egos, e a acariciar a vaidade destes verdadeiros mercadores de ilusões que constituem a nossa praça - com a agravante de os verdadeiros peritos ficarem na sombra, com vergonha de particpar em embustes e feiras de vaidades, ou no backstage, à espera de uma oportunidade que nunca surgirá enquanto o guru presidir à missa, ou ao festim de ignorância em que tanto gostam de participar. Algumas conferências fazem-me lembrar autos de fé: queimam-se oportunidades, para gáudio de ignorantes amedrontados de ver mais além.

Criaram monstros? Agora amanhem-se.

1 comment:

Azulinha said...

assino por baixo....