Wednesday, March 26, 2008

É estranho ninguém achar estranho

Hoje (26/3/2008), para corroborar as minhas afirmações de que ao Público interessa tudo menos questionar a política científica deste Governo, convido todos os leitores a dar um pulo à página web desta publicação. Por favor, dirijam-se à secção da Ciência, e vejam quantas notícias estão em arquivo. De entre essas, façam por obséquio o exercício académico de ler as notícias. Temos notícias desde 10/1/2008. Nem uma é sobre a situação de atoleiro no qual a nossa ciência vive. Nem uma notícia é comentada de forma mais assertiva. Nenhuma notícia é minimamente discutível, são todas sobre factoes científicos indesmentíveis. Onde está o espaço democrático da imprensa, quando tudo o que gera uma discussão saudável é liminarmente eliminado, para dar sensações falaciosas de unanimismo? Será que está tudo tão bem como o MCTES apregoa, quando as fugas de cérebros e os atentados à democracia nos nossos centros são diários? Onde está o papel de investigação da imprensa, de modo a denunciar as razões fundamentais do estado caótico que os nossos pensadores vivem hoje em Portugal e do atraso estrutural da nossa economia? Será que ninguém considera estranho este comportamento presumivelmente visionário e de fausto contido, respeitoso, de quem se dá ares de muito trabalhar, que acompanha todas as iniciativas deste governo, juntamente com Cãmaras, holofotes, tripés e microfones?

Eu desconfio que se gasta mais em beberetes e jantaradas para divulgar as iniciativas junto de centenas de convidados estrangeiros do que a financiar os projectos inscritos nas próprias iniciativas.

2 comments:

DaLheGas said...

Pois é André, os jornalistas são pagos para dizerem aquilo que alguém quer. Vim parar aqui por tenho q escrever um texto sobre as maravilhas da Ciência em Portugal. Suponho que no meio do caos em que as coisas possam estar, assim como em outros sectores, haja na Ciência o lado bom. o daqueles que se esforçam na investigação, que descobrem coisas e que contribuem para que não estejamos na cauda do mundo cientifico. e parece-me, pela pouca investigação que fiz, que aqui e ali, os portugueses lá vão construindo o seu lugar ao sol.

Filipe said...

Sou post-doc, isto é pertenço à classe dos explorados. Aprecio muito os seus comentários porque estou geralmente de acordo consigo! Fiz PhD fora de Portugal e chocam-me as "coisas" que se passam por cá. No entanto como sou "pequenino" convem manter-me, pelo menos para já, caladinho.