Chegados a 3 anos de legislatura, ficam a faltar uns escassos 12 meses para que o Povo se pronuncie. E como nunca tantas vezes a Ciência serviu propósitos de enganar as pessoas, urge uma reflexão atempada do que deve ser um voto útil em termos do que nos aqui ocupa.
Hoje em dia, existe a consciência de que o capital intelectual é o que distingue sociedades prósperas de meros grupos de indíviduos organizados em castas e de forma primitiva. É o conhecimento, e a sua busca e acumulação que fazem com que algumas nações ganhem guerras, enquanto que outras as perdem. E é neste deve e haver de massa cinzenta que muitos países decidiram já jogar cartadas fortes. O nosso país é daqueles desencantados e desconfiados, que espera para ver, como se duvidasse dos axiomas acima delineados, para agir e investir. Pois é, um dia, quando o Estado e os privados se decidirem, já é tarde.
A Ciência, ao longo desta legislatura, foi arma de arremesso, foi 1ª página de jornal, foi motivo de eventual regozijo nacional, foi orgulho bacoco, foi uma forma de cimentar na opinião pública a ideia de modernismo e agilidade governativas, foi pretexto para nos agigantarmos, foi causa de assinatura de protocolos, foi tudo, e acima de tudo não foi nada. Nunca estivemos tão na mesma, com a agravante de haver quem tenha aproveitado para se engalanar, com pompa e circunstância, para este casamento logo desfeito entre ciência e sociedade. Houve até algo inusitado, que foi um ministério da Ciência que se achou no dever de legar aos homens do presente e do futuro algo que ainda ninguém percebeu para que serve ou servirá. MITs, Carnegie Mellons e acordos similares, quais elefantes brancos, que alimentam o fatalismo faduncho do anedotário nacional, e que só nos dão mais um amargo de boca de frustração e oportunidade perdida, para logo desembocarem numa legitimada fuga de cérebros que prevejo num futuro próximo. Foi um passo meritório, em que o próprio ministério português abriu as portas da emigração dos inteligentes portugueses que queiram sair, para nunca mais voltar, desta praia de desordenamento em que a ciência portuguesa vive.
Foram mais anos de estaticismo, de assumpção de uma realidade que é tão pestilenta que nem nos deixa outra alternativa senão pedirmos a clemência de Bruxelas. Ai se não fossem os projectos europeus, ou as opiniões estrangeiras, que nós ainda hoje íamos pedir ao Cardeal Cerejeira que financiasse os projectos. Hoje a corrupção continua instalada, generalizada, institucionalizada, tornada oficial por decreto real, feita religião pelos avaliadores das bolsas e dos recursos da FCT, e apoiada em delírio pelos desígnios proteccionistas das cátedras públicas. E toda a gente sabe disto!!, mas se o Dr Marinho Pinto quiser falar, tem a palavra. Pode ser que alguém se doa.
Nunca, como hoje, se viveu com tanto desdém e complacência o mal tão bom em que vivemos ontem.
Tuesday, March 11, 2008
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